domingo, 27 de março de 2011

O CALENDÁRIO PROFÉTICO - A PROFECIA DAS 70 SEMANAS

(Daniel 9.24-27)
Os cristãos que procuram compreender as profecias que se encontram na Palavra de Deus, neste caso concreto, as que se encontram nos capítulos 8 e 9 do profeta Daniel, pois fazem parte do mesmo bloco, facilmente poderão esquecer o ensino fulcral, a razão de ser das Escrituras, ou seja, a primeira e a segunda vinda de Cristo, caso não sigam o grande conselho do próprio Senhor Jesus: - “Examinais as Escrituras porque vós cuidais ter nelas a vida eterna e são elas que de mim testificam” – João 5.39. Estas palavras aplicavam-se aos Seus contemporâneos, aqueles que construíram uma religião de pendor humano e com aparente base nas Escrituras. Hoje, a exemplo do passado, estas palavras são para nós. Na Palavra de Deus ecoa a mais sublime das verdades, articulada em 3 tempos: - Jesus virá – (este é o ensino de todo o Antigo Testamento) - Jesus veio – (é o testemunho de todo o Novo Testamento) - Jesus voltará – (é a gloriosa esperança encontrada em toda a

quarta-feira, 23 de março de 2011

OS DOIS SANTOS QUE FALAM

Retomemos a interpretação do restante texto do profeta Daniel. Aqui o profeta ouve o diálogo entre dois seres celestes aos quais chama “santos”.
a) A pergunta - v. 13 - “Depois ouvi um santo que falava e disse outro santo àquele que falava: - até quando durará a visão do contínuo e da transgressão assoladora para que seja entregue o santuário e o exército, afim de serem pisados?”
a)- A questão do tempo: - A pergunta foi feita nestes termos: - “(…)até quando” mostra claramente que o contexto que a motiva é de opressão e, em resposta à mesma, faz-se eco de um juízo, julgamento, para a reposição da normalidade.
A questão em causa está ligada a um determinado tempo. Assim sendo, é inevitável que nos perguntemos acerca do início da mesma. Convém, no entanto, recordar a este propósito as palavras do anjo que informava o profeta: - “a visão se realizará no fim do tempo” – v. 17,19, ou ainda: - “a visão da tarde e da manhã é verdadeira (…) só daqui a muitos dias se cumprirá” – v. 26. Estas palavras são significativas visto que a noção “fim dos tempos” está presente ao longo deste capítulo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

IDENTIDADE DO CHIFRE PEQUENO

Tal como já o dissemos, muitos comentadores do passado identificaram, assim como os recentes continuam a identificar o “chifre pequeno” como sendo o rei da dinastia seleucida Antíoco IV Epifânio (175-164 a. C.), o perseguidor dos Judeus em Jerusalém e o profanador do Templo – cf. I Macabeus 1.41-64; 4.52-54.412 Com a identificação desta personagem com a continuação da Roma pagã, ou seja, a Roma papal, desaparecem os conflitos escriturísticos; mas se se continuar a identificar Antíoco IV Epifânio com o “chifre pequeno” alguns problemas se colocam, como por exemplo:
1- Em Daniel 7.8 o relato bíblico afirma que o “chifre pequeno” arrancará 3 chifres. No entanto, os esforços dos eruditos para encontrar três reis “arrancados” por Antíoco IV Epifânio têm-se demonstrado infrutíferos.
2- Segundo o texto bíblico, o “chifre pequeno” é o 11º rei, visto ele aparece após os dez primeiros chifres

sexta-feira, 18 de março de 2011

O PAPADO E O ISLAMISMO NA PROFECIA BÍBLICA

Por Samuele Bacchiocchi
Vários leitores têm protestado fortemente contra a minha sugestão de que Obama poderia favorecer a expansão do Islão nos EUA. Seu raciocínio é que Obama é um cristão, não um muçulmano. Alguns chegam a afirmar que Obama nunca teve qualquer ligação com muçulmanos na sua vida e, consequentemente, ele não tem nenhuma razão ou desejo de facilitar a expansão do Islão na América. Essa alegação é negada por várias evidências a serem apresentadas em breve. Mas a questão na minha mente não é se Obama teve ligações muçulmanas no passado ou que tenha tendências muçulmanas hoje. Afinal a América é uma sociedade multi-cultural que pode legitimamente eleger um presidente muçulmano, judeu ou católico.
Será que Obama vai promover a expansão do Islão nos EUA?
De uma perspectiva profética, a nossa preocupação não é investigar a prática religiosa de Obama, por si só. Afinal Obama tem o direito de professar qualquer religião que escolher. Pelo contrário, a nossa preocupação é ver se durante os próximos quatro anos da administração Obama, a presença e poder muçulmano crescerá significativamente nos Estados Unidos, assim como a influência católica cresceu enormemente durante os últimos oito anos da administração Bush.
O crescimento da influência católica Durante o governo Bush.
No boletim 208 discuti longamente a expansão da influência da Igreja Católica durante a administração Bush. Escrevendo para o The Washington Post David Burke oferece este bom resumo: “Este presidente protestante [Bush] se cercou de intelectuais católicos, escritores de discurso, professores, padres, bispos e

quinta-feira, 17 de março de 2011

A VIRGEM MARIA (A mulher de Génesis 3.15 e Apocalipse 12.1?)

(A mulher de Génesis 3.15 e Apocalipse 12.1?) Acerca da génese dos temas Marianos ficamos a conhecer as mais estranhas interpretações inerentes a alguns textos das Escrituras, a saber: 1- Gén. 3.15 – aqui, segundo esta corrente de interpretação, a mulher aqui representada é Maria / Eva, ou a mulher, em geral; 2- Apoc. 12.1 – aqui está representada Maria, o Israel antigo e a Igreja em geral. Referem, a este propósito que “primeiro: a prole ou o filho da mulher não é nem pode ser outro senão o anunciado Reparador ou Redentor, isto é, Jesus Cristo; segundo: que a mulher apresenta-se como a mãe do Redentor, e Mãe do redentor, Jesus Cristo, não há outra propriamente a não ser a Virgem Maria. (…). Partimos do pressuposto, inegável de que a mulher do Proto-evangelho (Gén. 3.15) é a mesma mulher do Apocalipse 12.1”.460 Iremos analisar os dogmas marianos que estas interpretações deram origem.

domingo, 13 de março de 2011

A Besta do Apocalipse (a mãe de todas as seitas)

“A espantosa realidade
das coisas é a minha
descoberta de todos os dias”
Alberto Caeiro


INTRODUÇÂO
I. A Bíblia e a Igreja de Roma
1. Bíblia: livro parcialmente inspirado por Deus
2. Bíblia: contém mas não é a Palavra de Deus
3. Prioridade: a Igreja ou as Escrituras?
4. Jesus e as Escrituras
5. Moisés e o Pentateuco
6. A Bíblia: o Indicador

II. A Voz de Roma
1. Cristãos Separados
2. O Livro de Daniel
3. Os Erros Históricos
4. Baltazar (Belshatsar): o Desconhecido da História
5. Antíoco IV Epifânio
6. Onias III, o Ungido
7. Malefícios Históricos do Vaticano
8. O Dragão e a Serpente
9. A Estatuária: as Imagens
10. A Ressurreição
11. A Bíblia e o Sábado
12. Os Visionários a Longa Distância
2ª Parte: As Escrituras – a única Verdade

I. Cânone, ser ou não ser?
1. A Bíblia
2. O Cânone
3. Os Apócrifos
4. A Bíblia Judaica do Tempo de Jesus
5. Canonicidade dos Apócrifos do Antigo Testamento

3ª Parte: A procura da Verdade

I. Seitas: o que é ser?
1. Antigo Testamento – A Palavra
2. Novo Testamento – A Palavra
3. Os Dissidentes
4. Sonho Milenarista

4ª Parte: A Igreja humilde e opressora

I. A Igreja de Roma
1. O Arranque
2. Os Rudimentos da Igreja papal
3. Roma versus Constantinopla
4. A Visão do Profeta
5. A História
6. A Doação de Constantino
7. As Raízes do Poder

5ª Parte: O Concílio, o Dogma e a Doutrina

I. As Escrituras versus Tradição e Magistério
1. A Transmissão da Revelação
2. As Escrituras
3. A Tradição
4. O Magistério da Igreja

II. Infalibilidade Papal
1. O Dogma
2. Maria e os Decretos Papais
3. Maria e as Escrituras
4. Decretos Papais versus Escrituras
5. A Actualidade: Fátima
6. O 2º Mandamento
7. A Voz de Roma

III. Baptismo Infantil
1. A Palavra e o Gesto

IV. O Santo Ofício: Cristianismo ou barbaridade?
1. Os Papas de Avinhão
2. O Grande Cisma e Portugal
3. Os Hereges

V. Igreja ou Crentes
1. Contradição ou Aparência?
2. As Duas Mulheres
3. O Conflito

VI. Imortalidade da alma
1. Preliminares
2. Movimentos Espíritas
3. O Caso de Saúl
4. Detalhes


VII. O Purgatório
1. As Origens
2. Os Apócrifos
3. A Doutrina

VIII. Simão Barjonas
1. Magistério: Direito ou Usurpação?
2. Simão: Pedra ou Rocha?
3. Simão em Roma
4. Roma ou Babilónia?
5. Ironias

INTRODUÇÃO
Recentemente foi publicado um livro que chamou a nossa atenção, visto que aborda a problemática das Seitas. Este livro com o sugestivo título – As Novas Seitas Cristãs e a Bíblia – contém, de igual modo, um subtítulo não menos interessante! Muito embora este, pensamos nós, não tenha muita razão de ser no seu todo!
É um livro escrito por alguém que respeitamos e, exactamente por isso, quisemos saber, integralmente, o que é que o autor realmente pensava acerca dos diferentes credos por ele mencionados e titulados de seitas! Lemos o livro supra citado e, como corolário, resolvemos repor, permitam-nos expressar assim, a verdade dos factos.
É na qualidade de historiadores que nos propomos escrever este livro. O historiador tem uma solene missão; como facilmente se compreenderá, esta consiste em tirar dos documentos tudo o que eles contêm e nada acrescentar. O historiador deve manter-se sempre o mais perto possível dos textos para os interpretar com correcção e total isenção; assim, só escreverá e pensará à luz do quanto estes contiverem. Fiéis a este postulado queremos permanecer, mais perto do texto, do documento, das provas. Não podemos inventar!
Reconhecemos que, muitos, por vezes, para que tudo aconteça como desejam que tivesse acontecido, dão uma certa “mãozinha” ao acontecimento histórico! Só que este procedimento não é correcto e, muito menos, académico! Quanto a nós, queremos permanecer ao lado da pura verdade e não de meras suposições! As causas, em história como em qualquer outro domínio do saber, não se postulam, investigam-se! Tentaremos realçar, aqui e ali, alguns comentários e tomadas de posição do autor que contrariam frontalmente a realidade histórica, bíblica e teológica! Até por que, a confissão religiosa que o autor representa, à luz de certas realidades históricas, deveria ter o bom senso de saber guardar o silêncio, visto que, infelizmente, pouco desta história lhe é favorável, como teremos oportunidade de ver a seguir.
Propomo-nos estruturar este livro em várias vertentes, a saber: em primeiro lugar, alertar para os pequenos desvios do autor na interpretação histórico-teológica de certos factos; em segundo lugar, tentar em traços muito suaves, definir o que é que se entende por - Cânone. Só este, por definição, tem autoridade para mostrar que credo é ou não genuíno; em terceiro lugar, definir o que se entende por – Seita. Perante tais conceitos, só então, por comparação ao Cânone, é que poderemos considerar se o credo A ou B corresponde ou não aos parâmetros ali consagrados; em caso negativo, será considerado uma Seita; em quarto lugar, tentar sintetizar a História da Igreja e as suas raízes; para compreendermos se esta confissão religiosa, a continuidade do Movimento saído de Jerusalém - o Caminho - (Actos 19:9); ou se, pelo contrário, é representante de outra “continuidade”, isto é, dos sucessivos desvios à sã doutrina deixada por este!
Em quinto lugar, tentar analisar as diferentes doutrinas engendradas por esta confissão religiosa para que a possamos compreender e, em certa medida, catalogar, visto que, quanto a nós, esta é uma entre as demais.
Só uma verdade absoluta é que poderá catalogar uma terceira entidade. Será que a confissão religiosa, que o autor representa, tem o direito de catalogar tudo e todos? Pensamos que não! Enfim, são estas as razões que nos impulsionaram a comentar os considerandos do autor.
Por uma questão de justiça documental, destacaremos, entre as confissões religiosas citadas no seu livro, aquela que, quanto a nós, parece advogar postulados doutrinários mais próximos das Escrituras – os Adventistas do 7º Dia – que tão acremente ataca; aliás, como veremos mais adiante, sem qualquer fundamento digno de crédito histórico e, por que não dizê-lo, teológico!
O que iremos abordar não é, de modo algum, a pessoa que dá corpo à confissão religiosa que representa, mas, unicamente tentar compreender as diferenças entre esta e as Escrituras – a Norma. As citações utilizadas neste livro são da Sagrada Escritura – edição de 1978 dos Missionários Capuchinhos.
Em tudo o que dissermos ao longo das páginas que se seguirão, esperamos permanecer fiéis a uma máxima que queremos fazer nossa, a saber: “(…) Não basta a substância, é preciso também a circunstância. Uma má maneira estraga tudo, desfigura até a justiça e a razão. Pelo contrário, belas palavras resolvem tudo, douram a recusa, adoçam o que há de amargo na verdade (…)”.
Queremos também agradecer a todos quantos deram as suas sugestões para o enriquecimento do texto aqui apresentado, assim como também aos que, pacientemente, tiveram a bondade de corrigir e dar forma ao manuscrito.
Convidamo-lo a abrir as avenidas da mente para que se deixe influenciar pelas Sagradas Escrituras e também para melhor se conhecer e compreender. Se conseguirmos tudo isto, então o resto será fácil. Se um alguém seguir uma outra confissão religiosa, diferente da sua, elucide-o, respeitando-o. Só assim o conseguirá impressionar, não tanto pela diferença da sua confissão religiosa, mas pela força irresistível da diferença da sua conduta em Cristo Jesus.


Ilídio Carvalho

quinta-feira, 10 de março de 2011

A BÍBLIA E A IGREJA DE ROMA

Gostaríamos de introduzir esta questão com uma afirmação deveras surpreendente do autor, quando se refere, a propósito do binómio Igreja / Bíblia. Este pergunta e responde: “Quem nasceu primeiro: a Igreja ou a Bíblia? Sem dúvida que foi a Igreja, uma vez que as comunidades judaicas e cristãs viveram a sua fé durante séculos (judaísmo) e anos (cristianismo) sem Bíblia” .
Esta é uma, entre muitas, das citações que, se não as lêssemos, creia o prezado leitor, que as não levaríamos a sério! Mais que não fosse devido à craveira e ao respeito que o autor nos merece! Este raciocínio leva-nos a perguntar: será possível uma confissão religiosa ou Igreja, seja ela qual for, preceder a Bíblia? Como é que esta se regeu até ali? Sob que parâmetros? A Igreja sempre foi e será a resultante de uma vontade que lhe é anterior, seja esta expressa oralmente ou por escrito! Vejamos alguns aspectos que nos ajudarão a compreender que a afirmação tão categórica do autor, supra citado, não é assim tão evidente e linear como parece à primeira vista.

1. Bíblia: livro parcialmente inspirado por Deus

Para enfatizarmos esta questão realçaremos ainda algumas frases do livro em questão, quando o autor nele tenta situar e definir a posição e papel da Bíblia. A certa altura, ao referir-se, ao de leve, sobre o princípio de todas as coisas, diz que este não passa de “mitos de origem e da criação” . Depois, acrescenta: “(…) Ela [a Bíblia] não é um absoluto em si, pois só Deus é absoluto. A Bíblia é um caminho, porventura o melhor caminho para se chegar a Deus (…)” . Ou ainda: “A Bíblia não caiu do céu à terra, não foi ditada por Deus ou por algum Arcanjo de modo directo, nem os hagiógrafos são meros amanuenses, instrumentos ou secretários nas mãos de Deus ou do Espírito Santo. Os hagiógrafos são autênticos autores. A Bíblia, assim sendo, tem a ver com a Palavra de Deus em linguagem humana (…)” (Joaquim Carreira das Neves, OFM, As Novas Seitas Cristãs e a Bíblia, Lisboa, Ed. Verbo, 1998, p. 14.)
Que o céu se pasme com tal afirmação! Repetimos o que acima dissemos, isto é, se não tivéssemos lido e, esperemos, lido bem no seu exacto contexto, não acreditaríamos! Realmente, quando partimos deste pressuposto, o que restará neste Livro – o Livro dos livros? Cremos que, se assim fosse, tudo não passava de um mal-entendido, de uma anarquia, pois cada um dirá o que bem entender e… tudo estará bem! Nada haverá, pois, que o possa julgar e, eventualmente, corrigir!
A ser assim, que é feito da Inspiração? Sabe-se lá onde anda! Esta, portanto, não tem influência senão no pensamento do autor, não nas palavras utilizadas. Deus sugere as ideias e as grandes linhas da Sua revelação e deixa o autor expressar-se livremente. As ideias, prezado leitor, não podem ser expressas, senão por palavras. Se as expressões não são inspiradas, tudo fica sem sentido. A Bíblia insiste sobre a importância das palavras! Vejamos como o apóstolo S. Paulo se explicou acerca das coisas reveladas pelo Espírito de
Deus: “Não falamos dessas coisas com palavras doutas, de humana sabedoria, mas com aquelas que o Espírito ensina e que exprimem as coisas em termos espirituais.” – I Coríntios 2:13.
Que Deus tenha falado aos profetas, parece que é admitido; mas, um não importa que técnico de crítica textual reserva para si toda a liberdade de rejeitar e, até, de corrigir a mensagem escrita pelo profeta, assim como eliminar certos pontos difíceis ou obscuros do texto! Em suma, se as expressões utilizadas pelo profeta são inexactas ou incertas, toda a certeza de conhecer o pensamento de Deus, desaparece! Se alguns têm dificuldade em conceber como Deus guiou os autores na escolha das palavras que compõem a Escritura, será para estes fácil explicar como Ele inspirou os pensamentos, em situações, tais como, por exemplo:

1- O relato da Criação;
2- As palavras proferidas pelo Filho de Deus na cruz, reveladas, cerca de mil anos antes por David.

A conclusão do autor não seria diferente daquela que citámos anteriormente, isto é, que o relato da Criação não passa de um “mito”, visto que não se entende! Os que viveram o Pentecostes começaram a falar em línguas diferentes da sua as maravilhas de Deus! Mas como, com que sabedoria, sob que poder? As Escrituras no-lo revelam claramente. A serem fidedignas as palavras do autor, por este andar se duvidará de tudo e de todos; a Bíblia diz-nos que eles falavam: “(…) conforme o Espírito Santo lhes inspirava que se exprimissem.” – Actos 2:4. Repetimos, neste mar de tantas incertezas, quem poderá ter certeza seja do que for? Tudo poderá ter acontecido… ou talvez não!
O Senhor associou a individualidade do autor bíblico, a sua consciência, a sua memória e os seus sentimentos ao que Ele lhe fazia dizer. Reforçando este ponto de vista vejamos: “(…) porque jamais uma profecia foi proferida pela vontade dos homens. Inspirados pelo Espírito Santo é que os homens santos falaram em nome de Deus.” – II Pedro 1:21.

2. A Bíblia: contém mas não é a Palavra de Deus

Eis o slogan da moda! Para um grande número de teólogos, a Escritura contém muitos mitos e lendas, erros e contradições – tal como o autor o refere . Segundo estes eruditos, nenhuma pessoa cultivada e honesta, pode afirmar a total inspiração da Bíblia. A ciência moderna, dizem, anula esta ingénua pretensão! Tudo é a refazer, rever, repensar, tal como o escreve o autor, quando: “A Escritura é um texto a interpretar” (Joaquim Carreira das Neves, OFM, As Novas Seitas Cristãs e a Bíblia, Lisboa, Ed. Verbo, 1998, p. 19.)

terça-feira, 8 de março de 2011

A VOZ DE ROMA

Como já o dissemos, estamos a fazer um levantamento de certas afirmações do livro (Joaquim Carreira das Neves, As Novas Seitas Cristãs e a Bíblia) que nos ocupa, visto que este foi escrito por uma voz que representa ou pretende representar a Norma e, por esta razão, reserva-se no direito de catalogar tudo e todos! Enfim – quem não for por mim é contra mim, lá diz o adágio popular, não é verdade?

1. Cristãos separados
Até aqui seguimos a mesma matriz, isto é, identificar e caracterizar a Bíblia como sendo a Verdade, a Norma para tudo o que se refira ao Sublime, ao Espírito, enfim, a Deus. Abordaremos, mais à frente, em breves pinceladas, esta confissão religiosa, para que possamos, com toda a isenção, definir as fronteiras deste sistema religioso, exactamente como o autor o fez no seu livro para com as diferentes confissões religiosas de matriz judaico-cristã.
Antes porém, como interessados em questões bíblicas e históricas, realçaremos um ou outro aspecto das respostas do autor aos diferentes postulados das “seitas” citadas. Tentar saber, a nosso ver, quem poderá ter razão! Será o autor uma autoridade no que diz? Estará tudo conforme a realidade bíblica e histórica, tal como o afirma? Será possível existir outra opinião, desta vez, baseada em factos documentados, não em suposições? Estes postulados, confessamos, foram os que nos aguçaram o interesse! Pensamos não ser tanto assim, como o autor se expressa, apesar de nos merecer todo o respeito e consideração.
Vejamos, pois, para já, algumas das suas considerações acerca de alguns pontos doutrinários, por exemplo, da dita “seita” – Adventistas. Estes, segundo o autor, distorcem as Escrituras. Como facilmente se compreenderá, o nosso propósito é unicamente fornecer alguns dados que ajudarão o leitor a ter uma opinião não partidarizada, mas aquela que se apoia no documento e não em postulados dúbios e, essencialmente, humanos.

2. O livro de DanielO autor precisa que, este livro não é, contrariamente ao que os Adventistas afirmam, uma produção do século VI a.C., mas sim do II a.C., para apoiar a sua tese, refere, entre outras razões:
 autor do livro de Daniel escreve entre 167-164 a.C.
 livro tem várias palavras persas e gregas que nos
Remetem para o século II a.C. . Assim como os nomes dos instrumentos da orquestra.
 Este livro não aparece no Elogio dos Pais escrito por volta de 180 a.C. .

Segundo este, o livro de Daniel não contém nenhuma profecia válida respeitante ao futuro, mas somente “vaticina post eventum” isto é, escreve do presente para o passado; o profeta escreveu, dizem, tal como qualquer um de nós hoje, o poderá fazer acerca do 25 de Abril, em Portugal, visto os factos terem ocorrido no passado, em 1974!
Convém relembrar que os argumentos da crítica actual ainda repousam sobre os do filósofo Porfírio do século III d.C.; pois são os mesmos que este pagão usou para refutar o cristianismo, quem diria! Em tudo isto, o que é mais paradoxal e estranho é que professos cristãos se apropriem de argumentos pagãos, para que, também a exemplo daqueles, combatam, com os mesmos argumentos aquilo que dizem servir e defender – o cristianismo! Passaremos a responder aos pontos acima referidos:

a) O autor do livro de Daniel escreve entre 167-164 a. C.
Pelo testemunho de Flávio Josefo, em - Contra Apio I,8 - escreveu: “Desde Artaxerxes a nossa História foi escrita, mas estes livros não foram dignos de crédito como os que os precederam (…)”. Ora Artaxerxes (465-424 a.C.) rei Persa, reinou no século V a.C.; o que significa que o Cânone já estava completo neste século, sendo-lhe, portanto, anterior!
O período intertestamentário conhecia bem a tríplice divisão do Cânone apresentada por Flávio Josefo, a saber: a Lei, os Profetas e os Escritos (ver o prólogo do pseudocanónico Eclesiástico onde se encontra esta mesma divisão); esta existia no tempo de Jesus – cf. S. Lucas 24:27 e 44.
O livro de Daniel não pode ter sido redigido na época dos Macabeus, até por que nenhuma revelação profética se manifestou nesta época – cf. I Macabeus 9:27 – o que confirma o que Flávio Josefo disse.
A Bíblia hebraica está dividida em três partes: (1) o Pentateuco (Torah); (2) os Profetas (Nebiim); (3) os Escritos (Ketûbim). O livro de Daniel, como veremos mais abaixo, está inserido na terceira parte do Cânone Hebraico, isto é, nos Ketûbim (Escritos ou Hagiográficos) e não, como seria de esperar, na segunda parte, nos Nebiim (Profetas). Para os críticos, baseados nesta aparente irregularidade dizem que o livro de Daniel é posterior ao século VI, portanto, do século II! Vejamos algumas considerações que apontam para uma data anterior ao século II:

1- Convém recordar que esta parte do Cânone – os Ketûbim - contém, de igual modo, textos antigos, tais como Job, certos Salmos de David, Rute, etc.. Portanto, se todos, escritos anteriormente, pertencem ao mesmo grupo (Os Escritos), por que é que só Daniel terá sido escrito, numa data tão tardia, século II a.C.?

2- Se o livro de Daniel está entre os Escritos, não será, certamente, pela sua redacção tardia mas por causa das afinidades teológicas e literárias com os livros deste mesmo bloco!

3- Assim, como se poderá ver mais adiante, o livro de Daniel aparece inscrito na lista após Eclesiastes; o de Ester antes de Esdras, Neemias e I e II Crónicas. Tal como o livro de Daniel, Esdras também tem uma parte escrita em aramaico. Também com os livros de Crónicas, Esdras e Ester, tem uma grande afinidade ao nível da filosofia da História, acentuando a vertente de um Deus que controla e conduz os acontecimentos inerentes à salvação do Seu povo.

4- O livro de Daniel identifica-se com Neemias e Ester, visto que comporta a mesma matriz política. Dentro do contexto próximo, destes dois livros, o herói, tal como Daniel, é uma personalidade da corte – cf. Neemias 1:11; Ester 2:17. Por que não conceber a ideia natural de que o “manuscrito massorético possa ter sido influenciado na sua nova classificação pelo facto de que Daniel não foi escolhido ou ordenado na qualidade de profeta, mas porque permaneceu como funcionário ou governador titular ao longo da sua carreira. (…) É sem dúvida por causa do carácter misto deste livro, partilhado entre o relato histórico e a visão profética, que os escribas judeus acabaram por o relegar para a terceira categoria do Cânone, isto é, a dos diversos.”

Portanto, à luz destes argumentos, pensamos reconhecer que o livro de Daniel está perfeitamente em consonância com o século VI a.C. e não com o século II, como refere o autor.

b) O livro tem várias palavras persas e gregas que nos remetem para o século II a. C. Assim como os nomes dos instrumentos da orquestra.
As palavras mencionadas pelo profeta Daniel, são termos que designam instrumentos de música. Tais palavras: qaytherôs (cítara), pesanterin (harpa), sumponyah (flauta), circularam sempre para lá das fronteiras nacionais porque “estes instrumentos apareceram nos mercados estrangeiros” . Por outro lado, sabe-se também que a cultura grega entrou no Próximo Oriente muito tempo antes do período neobabilónico . O poeta grego Alcino de Lesbos (600 a.C.) conta que o seu irmão Antimenédes era militar nos exércitos de Babilónia .
A argumentação apresentada é muito frágil e não tem qualquer razão de ser, para que se aponte para a data do século II a.C.!

c) Este livro não aparece no Elogio dos Pais escrito por volta de 180 a.C.
Esta omissão, segundo o autor, é uma razão de peso para provar que este livro não pertencia ao Cânone hebraico quando o livro do Eclesiástico foi escrito! – cf. Eclesiástico 44-49.
Por outro lado, se lermos atentamente a lista fornecida no Eclesiástico 44-49, precisamente neste mesmo texto, podemos encontrar alguns atropelos, a saber: encontramos citado Enoque (44:16); Adão e Set (49:13) e omite Abel. Cita Neemias (49:13) e omite Esdras, uma figura tão importante na tradição judaica.
Este livro passa sob silêncio todos os Juízes, à excepção de Samuel; silencia reis, tais como: Asa e Jeosafat! Recorde-se, por exemplo, o testamento de Matatias, incorporado em - I Macabeus 2:21-60. Aqui encontramos um Elogio dos Pais e no qual se incluem nomes, tais como: Abraão, José, Fineias, Josué, Calebe, David, Elias, Hananias, Azarias, Masael e Daniel. Façamos uma breve observação: então, a omissão no livro de Eclesiástico do nome de Daniel não é, certamente mais espantosa ou que cause admiração, se repararmos que aqui, no testamento de Matatias, encontramos omitido o nome de Moisés!
Portanto, uma primeira conclusão impõe-se: ambas as listas não são, de modo algum exaustivas. Note-se que nesta última lista aparece o nome de Daniel, assim como o dos seus amigos – cf. Daniel 1:6. Será, que um sacerdote da qualidade de Matatias mencionaria os nomes destes, se os seus nomes se apoiassem unicamente em lendas de origem recente? Temos, francamente, as nossas dúvidas!

Bibliografia:Joaquim Carreira das Neves, OFM, op. cit., p. 134.
Ibidem.
Jacques Doukhan, Le Soupir de la Terre, Paris, Ed. Vie et Santé, 1993, p. 273
Gleason L. Archer, Introduction à l’Ancien Testament, 2éme ed., Suisse, Ed. Emmaus, 1978, p. 424.
Idem, p. 431.
Cf. W.F. Albright, From Stone Age to Christianity, 2nd ed., New York, 1957, p. 337.
Gleason L. Archer, op. cit., p. 431.